terça-feira, 1 de novembro de 2011

DIA DA REFORMA X HALLOWEEN

Por Demetrius Farias

Ontem, 31 de outubro, foi comemorado em alguns países e em algumas igrejas espalhadas pelo mundo, o Dia da Reforma. Porém, nesta mesma data tão importante para todos os protestantes, também se comemora uma festividade pagã, principalmente nos países anglo-saxões, o Halloween, ou Dia das Bruxas.

Esta famigerada festa, trazida ao Novo Mundo por imigrantes irlandeses em 1840, tomou parte da cultura norte-americana e agora tem sido absorvida pelo Brasil (que adora copiar). O Dia das Bruxas é uma data fortemente comercial e com grande apelo entre as crianças nos EUA, Canadá e em alguns países europeus. Já no Brasil, é motivo e tema para bailes e festas para adolescentes e jovens, com bebida e farra noite adentro.


Mas não se engane quem acha que isso não tem nada a ver com bruxaria e paganismo "dos vera", como diria o bom amazonense. Sem medo de cometer qualquer equívoco, digo que esta praga da festa do Halloween foi uma artimanha de satanás para desviar a atenção do povo sobre a Reforma Protestante para, então, o paganismo e a "cristianização" do Samhain.

O Samhain era o Festival de Inverno dos antigos celtas, que comemorava a passagem do Ano Velho e marcava o início do Ano Novo. Seus relatos remontam a 600 a.C.  e vão até 800 d. C., estando presente nas culturas célticas da Gália, Ilhas Britânicas e na região da Bretanha. Era festejado de 30 de outubro a 2 de novembro e marcava o "Fim do Verão" (Samhain).

Neste festival, as celebrações tinham como objetivo dar culto as algumas divindades do panteão céltico, bem como aos mortos, onde se acreditava que os espíritos destes mortos voltavam ao mundo dos vivos e visitavam seus parentes, para comer de suas comidas e se aquecer na lareira de suas casas. Outras tradições dizem que no dia 31 de outubro, as festas se tornavam tão grandes e animadas, que os corpos levantavam-se das tumbas para se juntar aos vivos nas celebrações. Neste dia, a cortina que separava o mundo dos vivos e o mundo dos morte desaparecia, e assim havia total comunicação entre os dois lados. Brumas mágicas surgiam na noite e o mortais podiam ver os elfos nas florestas. A barreira entre os dois mundos, ao ser retirada, também deixava que espíritos malfazejos atacassem as pessoas, os animais, o gado, as plantações e colheitas e incorporassem nas pessoas.

Desta festas célticas, surgiram as principais características da Festa do Dia das Bruxas. Para espantar os maus espíritos, parentes mortos e entidades mágicas, os celtas esculpiam rostos em nabos e beterrabas e as colocavam na frente de suas casas, celeiros e currais, para afugentar os indesejados visitantes. Também se vestiam de criaturas horrendas e saiam na noite para assustar os mortos e os demônios e, eventualmente, assustar uns aos outros, o que seria muito natural na ocasião dada a situação. Destas práticas surgiram as tradições de se fantasiar no Halloween e de se fazer o Jack O'Lantern, aquela cabeça de abóbora esculpida com uma vela acesa por dentro.

Com as conquistas romanas e posterior "cristianização" destes povos ancestrais, os Papas da Igreja Romana resolveram converter estes festejos em celebrações ditas "cristãs", a fim de trazer mais adeptos ao seio da Santa Sé, sem que houvesse resistência maior por parte dos pagãos. Desta forma, o Papa Gregório III estabeleceu que no dia 01 de novembro seria celebrado o Dia de Todos os Santos. Em 840, Gregório IV declarou que a festa seria Universal, e mais tarde definiu-se que esta celebração ganharia uma vigília, ou data vespertina, 31 de outubro, que se tornaria o All Hallow's Eve, ou Véspera de Todos os Santos (daí a palavra Halloween).

Coincidência ou não, o dia 02 de novembro foi estabelecido por Roma, anteriormente introduzido por Santo Odilom, abade do Mosteiro de Cluny (França), em 998, como o Dia de Finados, ou Dia dos Mortos(!), onde os católicos romanos rezam pela alma dos mortos em todas as épocas, leigos ou religioso, conhecidos ou desconhecidos. É um verdadeiro culto aos mortos! Digo coincidência pelo seguinte fato: o Dia de Finados é justamente o último dia de celebrações do Samhain. Se estes fatos não configuram-se como paganismo infiltrado na Igreja Romana, e potencialmente um perigo a todo cristão sincero na atualidade, então eu não sei o que são.

Hoje, longe de ser apenas uma data comercial para americanos, europeus e (agora) brasileiros, os dias 30 de outubro a 02 de novembro são datas levadas muito a sério por bruxos, feitireiros, membros da Wicca, do Druidismo e do Neo-paganismo. Vale, inclusive, citar que neste dia, alguns grupos e tribos urbanas celebram este Halloween de forma ainda mais grotesca e macabra. Não é novidade, ou mistério, que muitos assassinatos e mortes voluntárias e suicídios acontecem nesta época do ano, como culto ao diabo e como sacrifício para os espíritos. E o que mais me choca com tudo isso, é ver que muitos crentes levam seus filhos para os festejos de Halloween nas escolas, e muitos adolescentes e jovens cristão, promovem verdadeiros Samhains Gospel, a pretexto de convidar incrédulos - sem falar dos "cabritos", crentes mundanos, que se aproveitam e caem na noite vestidos de vampiros e bruxas.

Fato absoluto, porém, é perceber que o Dia da Reforma ficou apagado, diante do sucesso "cultural" do Halloween, onde as pessoas preferem louvar e celebrar o mal, os demônios, a morte, monstros e os mortos, do que lembrar e comemorar um dos eventos históricos de maior relevância para humanidade.

Neste mesmo dia de 31 de outubro, no ano de 1517, bem anterior a introdução do Dia das Bruxas na América pelos imigrantes irlandeses, um homem de coragem e intrepidez, um monge alemão que ousou falar contra os abusos da Igreja Romana do século XVI, Martinho Lutero, fixou na Porta da Catebral de Wittenberg as famosas 95 Teses, documento que denunciavam a venda de Indulgências aos fiéis, fazendo com que os homem deixassem de lado a Fé, a Graça de Deus, o Arrependimento dos Pecados e o Sacrifício de Cristo na cruz, em troca de uma Carta que lhe garantia entrada certa no paraíso após a morte e a retirada de entes queridos do Purgatório.

Neste último 31 de outubro, fizemos 494 anos de Reforma Protestante, movimento que libertou o Cristianismo da teologia romana e suas heresias centenárias, dentre elas a sacralidade de festas anteriormente e comprovadamente pagãs, como o maldito Dia das Bruxas, Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados (amanhã).

Como país secular, sincrético e supersticioso que o Brasil é, eu não posso exigir demais e querer que esta data seja lembrada por todos os tupiniquins. Contudo, mesmo países católicos como o Chile, ontem, celebraram os seus feriados do Dia da Reforma. Na Alemanha e na Eslovênia, são feriados nacionais, celebrados por todos. Cabe a nós, cristãos protestantes, fazermos saber no Brasil que, nesta data, existiu um fato memorável, que ultrapassa os folclores bárbaros e cheios de superstições fantasiosa, bem como eivados de bruxaria e magia negra. Sim. Um evento que mudou a história do mundo e marcou os seres humanos ao ponto de mudar o mapa da Europa e levar a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada a lugares ainda não atingidos pela verdadeira mensagem do Evangelho, e na língua do povo.

A todos os meus irmão em Cristo, e a todos os brasileiros, encerro agora desejando: Feliz Dia da Reforma!

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